sábado, 20 de março de 2010

FRANCISCO E O LEPROSO


Confraria Franciscana Irmão Sol - 22-10-2009


“Quando pedimos paciência para Deus, não esperemos que Ele nos dê esta paciência, e sim, oportunidades e ocasiões para que deixemos brotar em nós essa paciência”

Francisco de Assis tinha repugnância de pessoas com lepra e, por isso, tentava se distanciar delas quais, à época, andavam com um sino amarrado nas suas vestes justamente para sinalizar a sua presença e dar oportunidade aos sãos de se afastarem.
As pessoas mais próximas de São Francisco sabiam desta aversão porque realmente era algo que o atormentava, tanto que passava mal se permanecesse próximo a um deles.
Certa feita Deus colocou em seu caminho um homem tomado pela lepra e pediu que Francisco o beijasse.
Irmão Leão sugeriu que ele desviasse daquele homem, mas Francisco respondeu que se isso o fizesse, outro leproso o encontraria... e outro... e outro... porque era parte da sua vida e necessária para o seu crescimento. Por isso, continuou ao encontro daquele homem doente e ofereceu o beijo. As chagas do homem tomavam toda a sua boca, mas mesmo assim, Francisco o beijou e o apanhou no colo.
Seria esta uma cena comum da história de um homem que desejou ser santo, não fosse a mensagem que transmite a todos nós, de que é necessário que prestemos atenção às situações e pessoas que passam a fazer parte da nossa vida e que trazem consigo a oportunidade que precisamos para aprender um pouco mais e assim subir um degrau a mais na caminhada rumo ao Pai.
Deus não nos tira o poder da opção, de desviarmos dos nossos “leprosos”, mas coloca-os no nosso caminho para com eles aprender algo necessário.
Por outro lado, não se trata de um ferimento às Leis de Deus se nos desviar de situações que nos fazem mal, mormente àquelas que nos levam ao pecado, como os vícios, por exemplo.
No Evangelho de Marcos (cap 9, v 47), Jesus ensina com exatidão: “se os seus olhos te fazem pecar, arranque-os...”.
Mas há que se distinguir os vícios das oportunidades. São meios parecidos, mas com objetivos extremamente distintos e de fácil observância: - Afaste-se de tudo o que o distancia do Pai, mas abrace com amor tudo aquilo e aqueles que o fazem aproximar dEle.
Como o cego de Jericó que tirou seu manto de vícios para seguir Jesus, Francisco, para assim também o fazer, abdicou-se de uma vida confortável e repleta de vícios para servir somente e, no ápice da sua caminhada, evitava até os pequenos prazeres, os quais considerava também vícios da carne. Porém, considerando que algo ou alguém o aproximava de Deus, beijava com amor.
É esta a diferença que buscamos perceber, ter a consciência preparada pela sabedoria de Deus e assim aceitar com amor os “leprosos” que nos são especialmente preparados para nos ajudar a caminhar em direção ao Pai querido.
Talvez no primeiro momento, essas faces podem nos parecer repugnantes, mas se as aceitamos vão nos tornando agradáveis.
Enfim, só para acalentar os corações que passam a se preparar para receber estes desafios, devemos lembrar que Francisco, ao aceitar algo que até então lhe causava repulsa e repugnância, beijando aquela pessoa doente e levando-a em seu colo, notou que no decorrer do caminho ela se tornava cada vez mais leve e, ao abrir o manto que a cobria, percebeu que havia sumido ficando apenas com o manto. Após, prostrou-se no chão e chorou muito, olhou para o irmão Leão e, entre as lágrimas que lavavam seu rosto, disse: “Eu levava Jesus no meu colo”.
Nunes

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