domingo, 24 de setembro de 2017

Expressar e Reconhecer o Amor


Já parou para pensar na sua própria existência? É fato que a vida possui significados, mas por que? Para que? Por que existo agora e não existi há duzentos anos atrás, ou à frente? Só o Autor pode decifrar todos os mistérios que explicam a existência. Quanto a nós, criaturas, o máximo que podemos é analisar as evidências nas profecias realizadas e confiar obedientes na promessa do Pai

Essas evidências, que combinam com os conselhos de Jesus, me levam a acreditar que a existência humana está para basicamente duas missões: - combater os vícios próprios e aprender a amar. É que o vício sufoca o AMOR.
 

Eu sei que não aprenderia essas duas grandes lições de outro jeito senão pelos desafios desta morada provisória que chamamos de mundo, porque os vícios moram aqui e eles são alimentados nas tentações. Sabe, vejo o mundo em que vivemos como são os desertos vividos pelo povo hebreu na travessia de quarenta anos rumo à "terra prometida", e também naquele em que Jesus viveu quarenta dias antes da Sua entrega. Em ambos os "desertos" a tentação estava. O demônio disse que o poder e a glória desse mundo lhe foram entregues, por isso pode dar a quem ele quiser. Penso que esses são os únicos recursos que ele tem, a capacidade de iludir e o poder e a glória do mundo, e os usa para trocar pela vida daqueles fracos que são dominados pelo ego. Mas, desejando a vida, devo saber que as únicas maneiras de salvar a minha alma são aquelas que Jesus e Maria ensinam: - respeitando o que o PAI ordenou, como faz Jesus quando é tentado, ou não dando ouvidos ao tentador, como faz Maria.
Bem, isso são coisas que tentam obstar o amor de florescer.

Para continuar, peço que pense no Amor como sendo a pessoa de Jesus, Deus e do Espírito Santo, juntos ou separadamente, pois, como disse São João, "quem não conhece o Amor não conhece Deus, porque Deus é Amor".

Na manhã daquele domingo, Maria Madalena, junto com outras mulheres, foi visitar o local onde Jesus foi sepultado. Chegando, encontrou o sepulcro aberto e Jesus não estava lá, havia apenas dois anjos que conversaram com elas. As outras mulheres foram logo contar aos apóstolos o que viram, mas Madalena sentou-se e pôs-se a chorar pelo seu Senhor. Não é difícil compreender o coração daquela mulher que ardia a perda de um homem que curou o seu corpo e a sua alma, e que lhe deu direção. Talvez ela nem tenha conseguido dormir naqueles dias.
Jesus se aproximou dela por trás e, conversando, procurou tranquilizá-la. Mas, ela não o reconheceu imediatamente, só após algumas palavras que ela percebeu e, com um grito, chamou: "Mestre"!

Naqueles mesmos dias, dois dos discípulos estavam a caminho de Emaús quando Jesus se aproximou e iniciou uma conversa com eles. Falavam da crucificação de Jesus, mas eles não o reconheceram e até se espantaram quando souberam que aquele "estranho" ignorava o que havia acontecido naqueles dias. A tarde foi caindo e convidaram Jesus para jantar. Foi só então que, quando Jesus partiu o pão, eles o reconheceram, e disseram um para o outro: "por ventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava?

Em outra cena, Jesus apareceu nas margens do lago, mas os discípulos não sabiam que era ele. Jesus falou-lhes assim "amigos, têm alguma coisa que comer?" Eles responderam: "nada". Jesus disse-lhes então: "deitem a rede para o lado direito do barco que vão encontrar". Deitaram-na e, por causa da grande quantidade de peixes, não tiveram forças para puxar. Foi quando João disse a Pedro: "É o Senhor!" Mal Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a roupa, pois estava nu.

O que ficou claro é que, depois de ressuscitado, Jesus não apareceu para seus discípulos como Jesus, mas como pessoa comum, assim como qualquer um de nós, pois, não seria normal que essas pessoas que conviveram com Ele não o reconhecesse num simples olhar. Para mim, não resta dúvida que reconheceram não um Jesus físico, mas um Jesus ressuscitado que vive em espírito no coração de cada cristão verdadeiro, que acredita nas Suas verdades e a expressam enquanto vivem; não com semelhanças físicas com aquele Jesus que os ensinava, mas como Deus, o verbo contido nas PALAVRAS, GESTOS E CONSELHOS manifestados por uma pessoa comum, mas que faz da sua consciência um sacrário. Por isso, acredito que em cada palavra, gesto ou conselho que alguém expressa inspirado na verdade de Deus, é Jesus se manifestando por aquele coração.

Amar verdadeiramente não tem a ver com elogiar gratuitamente, mas com o comprometimento com o outro. É expressar o Jesus que há em mim, e sempre me perguntar "o que Jesus faria" em cada circunstância onde eu tenha que tomar uma decisão. expressar Jesus é expressar AMOR. Uma palavra, gesto ou conselho, mesmo que cobrando uma postura do outro com misericórdia, é amor. Hoje vejo que tudo de Jesus foi baseado no amor. Não só enquanto curava, mas até quando chamava os fariseus de hipócritas... ou quando expulsou os comerciantes do templo... e quando chamou Pedro de satanás, Jesus ama.

Mas, aí vem o grande dilema do AMOR. "É ilusão acreditar que quando damos amor receberemos em troca outro amor", foi o que disse Marko Ivan Rupnik, autor do livro Procuro Meus Irmãos. Ele observou que pessoas ainda não purificadas devolvem ódio ao receber amor. Ouvi outra frase ontem que me remeteu a este pensamento: "Se as suas atitudes incomodam o mundo você não é do mundo."

Se pensarmos na crucificação de Jesus, veremos essa verdade, vamos perceber que não foi Pilatus que o condenou, mas as pessoas que estavam naquela assembleia. Pilatus apenas fez a vontade do povo. Eu não consigo imaginar que aqueles que o seguiam e abriram o coração para as Suas palavras, os que foram curados, os discípulos e as pessoas que compreenderam o amor tivessem coragem de pedir a Sua condenação pela cruz. Mas, aquelas pessoas que ainda não conheciam o amor, aquelas que, no coração, se contrastavam com Jesus, elas quiseram vê-lo sofrer e morrer. Por isso Ele rezou: "Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem".

Quando amo imitando Jesus, vivo também momentos como os que Ele viveu. Eu já fui crucificado algumas vezes por expressar esse amor. Além do mais, já vimos, na história, como os apóstolos e os santos foram martirizados, não estamos livres desses estigmas. Mas, diante do amor, para ser verdadeiramente cristão, embora sabendo que vou às vezes encontrar pessoas que "ainda não estão purificadas", ou que ainda não conseguem identificar e reconhecer o amor, sei que não basta só guardar Jesus em mim, eu preciso manifestá-lo com palavras, gestos, conselhos e ações para, assim, também reconhecer o Jesus que há no outro. Sabe por que? Porque Jesus prometeu voltar, e Ele disse que se eu O renegar Ele também não me reconhecerá. Assim como Jesus veio puro Amor, ele voltará puro Amor. Da primeira vez, aqueles que não o reconheceram o crucificaram, da próxima também haverá muitos que não o reconhecerão, mas não haverá outra crucificação, Ele será seguido somente por aqueles que farão o reconhecimento do verdadeiro Amor. Vejo isso ficando cada vez mais evidente nas pessoas, a guerra cultural está destacando quem de verdade tem esse amor e quem tem amor inventado, fabricado e guiado pelo mundo.

Na missa, o padre falou de uma frase de Santo Agostinho na homilia do Evangelho de hoje: "Eu tenho medo de um Deus que passa e não mais voltará", lembrando da parábola das dez virgens, daquelas cinco que chegaram atrasadas e bateram à porta quando o noivo respondeu "não vos conheço".
A questão é a escolha.
Nunes

domingo, 12 de março de 2017

FIDELIDADE



Tenho, como parte da minha rotina, ler as Sagradas Escrituras todos os dias. Esse hábito foi adquirido a partir do momento em que eu tive um encontro verdadeiro com Deus, há aproximadamente dez anos.
 
De lá para cá eu tento compreender as parábolas e os significados do que eu chamo de Manual da Vida, embora veja essa decisão como uma grande responsabilidade, pois aprendi que a Lei só reconhece o pecado a partir do momento em que tomo conhecimento. Mas, aceitei o desafio.
 
Ler e tentar compreender esses livros é como conversar com Deus; quando Ele percebe seu interesse, vê que vale a pena perder um tempo e explicar.
 
Porém, não me agrada muito ler os Salmos, porque parece que não é Deus falando, mas sim o salmista. Não que eu despreze a inspiração do autor, mas minha sede é de aprender, e quem melhor do que o Criador de tudo isso para me explicar...
 
Não sei quantas vezes eu li os Livros de Deus de Gênesis a Apocalipse, mas isso não importa quando falamos da Bíblia Sagrada, já que é a Palavra Viva, que se consuma a todo momento, para a formação espiritual daquele que se dispõe a compreender, pois, das vezes que eu li, parece que nunca se tratou dos mesmos livros, é como se reescritos instantaneamente para responder às questões daquele momento sempre.
 
Desta vez não foi diferente, comecei a ler novamente, como de costume, por Gênesis. Não me contento só com a leitura linear, preciso marcar, reler trechos passados, pesquisar mais à frente, tanto dentro do Velho Testamento como do Novo, já que Jesus não veio para uma reciclagem, descartar o velho para publicar um novo, Ele propôs essa mudança só no homem, não nas palavras eternas de Deus. O Novo Testamento veio para justificar o antigo e, veja, encerra João dizendo "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa das coisas que se acham escritas neste livro” Ap 22, 18-19.
 
Antes, Jesus disse “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um jota (a letra) ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus" Mt 5,18-19. E, em Lc 16,17, Jesus afirma que nenhum til da lei deverá cair, ou seja, o valor da lei de Deus não deve ser desconsiderado, e sim ser reconhecido através do seu seguimento, ou seja, Jesus veio para "consumar" a palavra do PAI.
 
Mas, como de costume, parei nos Salmos... reduzi o ritmo da leitura e, sem me dar conta, parei exatamente no lugar onde muitos consideram o centro da Bíblia, no final do Salmo 117. Marquei o ponto de parada e acabei me dedicando a outras leituras, deixando a Bíblia para o momento em que me recobraria as forças para continuar lendo os Salmos, já que decidi não pular trecho algum dessa jornada.
 
Ontem eu senti novamente vontade de continuar em leitura contemplativa, então abri onde tinha marcado e li todo o Salmo 118. Ele é o mais longo dos salmos, possui 176 versículos, todos falando de fidelidade com a Lei de Deus, com uma curiosidade, foi escrito iniciando cada versículo, em cada estrofe, com a mesma letra do alfabeto, completando todo o alfabeto em 22 estrofes. Meditei que, assim, talvez, Davi desejou louvar Deus na Sua máxima plenitude, o Deus do todo, Senhor da totalidade.
 
Nesta obra de arte, verdadeira declaração de amor aos preceitos do Senhor, Davi se declara fiel à Lei. É esta a palavra: "FIDELIDADE"...
 
Precisei refletir muito para decifrar a que nível de fidelidade Davi se comprometeu, ou a que nível ele se referia.
 
Eu me perguntei também se ele estava inspirado quando escreveu, pois naquele momento não era o Espírito Santo quem se comprometia, mas sim, Davi, o homem. Parece-me mais sensato que Davi tenha escrito somente por ele mesmo, sem o comando do Espírito de Deus, porque o tom é de promessa do homem para Deus.
 
Não me passou despercebido a minha responsabilidade, o quanto eu tenho me comprometido com a Verdade de Deus nas palavras que saem da minha boca, sobretudo nas minhas pregações.
 
Pensei no quanto posso aproximar alguém de Deus ao propagar essa Verdade, e o quanto também posso distanciar alguém da sua salvação se não a transmito com a pureza e a fidelidade necessária... "se a serpente morde por erro de encantamento, não vale a pena ser encantador." Ecl 10,11
 
Uma das ideias que refleti foi que, se amar não é opção, mas sim uma ordem, pois, Jesus não pediu que amássemos, Ele ordenou um novo mandamento: "que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros" Jo 13, 34, e, "com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" Jo 3,16. A Palavra de Deus é amor puro, onde ela brota só haverá vida, porquanto, se, falando de amor, ensino alguém a buscar alguém que o ame para só então amar, então estou ensinando o desamor, pois amor é decisão e não há condição para a sua manifestação. Vejo muitos pregarem essa mensagem em nome de Deus, então fico a me perguntar... - Será que Deus mudou as regras e não me avisaram?
 
Vejo pessoas falando, em nome de Deus, em separar o joio do trigo que há dentro da Igreja; e, com com palavras duras, derriça a estrutura antiga. Jesus disse que "todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros" Lc 11, 17. Novamente eu penso se Deus realmente não está mudando tudo o que já foi escrito, ou quem sabe, concedeu autoridade para que fosse arrancada a página do livro do Apocalipse onde se diz que nada pode ser mudado do que foi escrito.
 
Só posso definir a fidelidade como a capacidade que um homem possui de, apesar dos seus títulos, conquistas, desejos e interesses, manter a Palavra na sua integridade, pregando com integridade, mesmo que a ideia contribua contra os seus interesses pessoais, se assim for preciso.
E, do ponto de vista de quem recebe a mensagem, manter-se atento para absorver a Verdade de Deus unicamente pelo valor da Palavra, desprezando a imagem externa de quem a prega.
 
Ao mesmo tempo que essas verdades guardam a força imensurável de Deus, elas também são vulneráveis à contaminação. Está escrito que "uma mosca morta infecta e corrompe o azeite perfumado." Ecl 10,1
 
Possuir grande quantidade de bens não mostra outra verdade a não ser a de uma pessoa que teve habilidades ou disposição para angariar muitos bens, a autenticidade da palavra por ela pregada não vem dessa condição;
 
Tampouco daqueles que possuem fama, pois se tornar conhecido é o atributo de quem possui habilidades para vender sua própria imagem, nada mais do que isso.
 
Àquele que exerce um certo poder em uma comunidade pequena ou grande, também não existe autorização para mudar a Verdade de Deus. O seu poder mostra apenas que possui um nível elevado de persuasão, e só.
 
Não estou dizendo que alguém com qualquer título, dom ou qualidade não pode pregar a Verdade do Pai, só observei que verdade é verdade, não pode se misturar às tendências humanas, não importa a boca que a publica, mas a fidelidade com sua essência; só não significa que alguém que, por possuir grandes riquezas ou fama internacional ou poder de persuasão ou porque tem boa dicção e fala palavras bonitas está autorizado a dizer qualquer coisa em nome de Deus, pois, a Palavra de Deus só se consuma na totalidade, não há verdade fracionada ou misturada com as verdades do mundo. Além do mais, no versículo 130 desse mesmo Salmo, Davi declama "vossas palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples".
 
Porém, vejo que o mundo não está acostumado com a voz de Deus, ainda busca verdades nos méritos de mundo, nos troféus e no poder dos homens, e às vezes mescla as verdades de Deus com as do mundo, produzindo conveniências para si para assim também preservarem seus egos, riquezas e poderes.
 
Aprendi também que "a árvore é conhecida pelos seus frutos", onde comparamos os frutos que esses três exemplos abaixo deixaram, e percebemos que a graça é proporcional à renúncia de si mesmo:
 
1- O Papa João Paulo II foi um grande exemplo de quem se comprometeu de verdade da Palavra de Deus. Pregou o amor puro e a busca da salvação, pedindo a reafirmação de cada fiel aos mandamentos do Pai. Pregou o perdão com o próprio exemplo em diversas situações, e principalmente quando sofreu um atentado à sua vida, perdoando e beijando o homem que lhe feriu com um tiro. Vejo nesta decisão um atributo de quem detesta a fama, "renega a si mesmo" e não permite que o seu ego humano contamine a pureza da doutrina. Os frutos de amor que herdamos daquele Papa não se pode negar.
 
2- Padre Léo renegou-se a si mesmo de forma tão intensa que certa vez declarou que não rezava para Deus curá-lo da doença que o consumia, pois reconhecia que a sua saúde fora prejudicada por consequência das suas próprias escolhas.
 
3- Sem falar no nosso querido São Francisco, que superou qualquer compreensão humana e, renunciando a tudo, findou-se morto na miséria do corpo e da alma. Porém, seu legado transformou o mundo no momento em que Deus era subjugado com intensas guerras da Igreja de Deus e contra ela. Não seria por outro motivo que as suas obras tem modificado os corações das pessoas mesmo tendo decorrido quase oitocentos anos após a sua morte.
 
Diante de tudo isso, passei o final de semana refletindo e me comparando com as pessoas que influenciam a minha vida, então pude enxergar o quanto estou ainda distante da Lei do nosso Pai de Amor, mas restando o consolo de que o Espírito Santo pode interferir nas minhas palavras, se realmente eu permitir, aos poucos me fazendo aprender a verdadeira sabedoria.
 
Que Deus nos dê sabedoria e tenha misericórdia, pois vou fazer o possível para conquistar o céu para mim e para aqueles a quem amo. Só não vou insistir em cuidar da minha imagem e assim manchar meu espírito. Para isso eu peço sabedoria.

Nunes

sábado, 7 de maio de 2016

INTELIGÊNCIA & SABEDORIA




"Se o mundo fosse melhor, certamente ele seria pior" ... 
Esta desconecta e um tanto confusa frase foi dita pelo Pe. Quevedo durante um dos cursos de Parapsicologia dos quais participei. A princípio ela não se explica, mas o pensamento é interessante quando passamos a compreender o significado: - Ocorre que o padre parapsicólogo acredita que a grande maioria dos conflitos do mundo, senão todos, foram e são motivados por algum tipo de apego - aos bens, objetos, dinheiro, honra, nome, território, intelecto, conhecimentos acumulados, etc - de modo que, se as coisas do mundo fossem melhores do que já são as pessoas seriam ainda mais apegadas a elas, causando, na mesma intensidade, um agravamento dos conflitos que já existem. Faz sentido...

E, falando em apego, penso que o primeiro deles experimentado pela espécie homo sapiens, segundo Gênesis, foi aquele despertado pela tentação da serpente sobre Eva, ela que se viciou e se tornou dependente da substância logo quando cedeu e comeu do fruto proibido.

Até então a humanidade vivia aproveitando do paraíso e de tudo o que Deus havia criado e deixado ao desfrute das suas criaturas. Naqueles corações inocentes não existia o sentimento de posse sequer da intimidade, era só paz e gozo. Viviam felizes sem saber, porque a paz é algo que só pode ser verdadeiramente medido depois que se perde. E foi assim que se sucedeu àquele belo e ex-inocente casal, a serpente eloquente enlouqueceu Eva, convencendo de que ela poderia ser mais e melhor, como Deus, e depois persuadiu Adão a também experimentar. Pela permissividade de ambos, abriram-se as comportas que continham toda a avalanche de problemas e sofrimentos, e a primeira aquisição feita por eles, de uma frenética lista de posses que viria a se tornar infinita, foi a inteligência, o pecado original que abriu caminho para todas as demais formas de apego escravizante.

Ao determinar que não comessem do fruto da árvore "do conhecimento da vida", ou como mostra outra tradução, "do conhecimento do bem e do mal", Deus os estava preservando justamente dos efeitos do mal uso dessa inteligência. 

São Francisco descobriu a vida que há na sabedoria após um ano preso e adoentado, quando foi capturado na guerra contra Perugia. Os sonhos e as visões o atormentavam constantemente, e ele não voltou mais a ser a pessoa que era. Sua inteligência e a capacidade para os negócios já não faziam sentido diante da vocação divina que se derramou sobre ele. Em outras palavras, a sabedoria passou a ser sua nova e eterna referência.


Mas, você irá me perguntar: “ - Por que Deus criou o homem e a mulher inteligentes se isso se tornaria uma maldição? “ Respondendo essa questão, penso que, já que Suas criaturas tão amadas foram incapazes de confiar no Criador, se a desobediência passou a ser adjetivo entre elas, e se não foram capazes de reconhecer o valor de um paraíso sem antes viver o contraste, levado pelo Seu amor infinito, Deus quis mostrar a toda criatura como é viver sem a Sua sabedoria, privada pela inteligência humana. Mas, Ele espera que, experimentando as consequências do uso da inteligência e, ao mesmo tempo, saboreando a paz e a alegria que brotam da sabedoria, Seus filhos reconheçam a importância e a essência do amor. 

Então nós, os descendentes, desde Abraão, buscamos novamente o paraíso, nem sempre acertando, nem sempre errando, mas aprendendo a caminhar. Conduzidos pelo amor e balizados pelo sofrimento, tentamos encontrar o caminho de volta à nossa verdadeira casa. Há um céu repleto de amor nos esperando, porém, é preciso aprender que, embora parecendo ser a mesma coisa, inteligência e sabedoria são manifestações completamente distintas, porque...

inteligência é teoria, sabedoria é prática;
inteligência é sofrimento, sabedoria é opção;
inteligência é medo, sabedoria é fé;
inteligência é problema, sabedoria é solução;
inteligência é ódio, sabedoria é amor;
inteligência é passado e futuro, sabedoria é agora;
inteligência é saber, sabedoria é fazer;
inteligência é acúmulo, sabedoria é leveza;
inteligência é tristeza, sabedoria é alegria;
inteligência é limitada, sabedoria é infinita;
inteligência é julgamento, sabedoria é perdão;
inteligência é guerra, sabedoria é paz;
inteligência é morte, sabedoria é vida;
inteligência é apego, sabedoria é liberdade;
inteligência é conveniência, sabedoria é ética imutável;
inteligência é homem, sabedoria é Deus.

Nunes

Homenagem ao amigo Eduardo Sasaki, monge budista, que um dia marcou minha consciência com o sábio pensamento:
"- Motivados pela vontade, aprendemos no modelo e no contraste"

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A PRESENÇA DE JESUS


LEITURA DO DIA

Naqueles dias: 1Pedro e João subiram ao Templo para a oração das três horas da tarde. 2Então trouxeram um homem, coxo de nascença, que costumavam colocar todos os dias na porta do Templo, chamada Formosa, a fim de que pedisse esmolas aos que entravam. 3Quando viu Pedro e João entrando no Templo, o homem pediu uma esmola. 4Os dois olharam bem para ele e Pedro disse: 'Olha para nós!' 5O homem fitou neles o olhar, esperando receber alguma coisa. 6Pedro então lhe disse: 'Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!' 7E pegando-lhe a mão direita, Pedro o levantou. Na mesma hora, os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. 8Então ele deu um pulo, ficou de pé e começou a andar. E entrou no Templo junto com Pedro e João, andando, pulando e louvando a Deus. 9O povo todo viu o homem andando e louvando a Deus. 10E reconheceram que era ele que pedia esmolas, sentado na porta Formosa do Templo. E ficaram admirados e espantados com o que havia acontecido com ele.


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:

13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: 'O que ides conversando pelo caminho?' Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: 'Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?' 19Ele perguntou: 'O que foi?' Os discípulos responderam: 'O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu.' 25Então Jesus lhes disse: 'Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?' 27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: 'Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!' Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: 'Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?' 33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: 'Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!' 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.


COMENTÁRIO:
Após a ressurreição de Jesus, Ele aparece, primeiro às mulheres, depois para alguns discípulos, para firmar e honrar a Nova Aliança que Deus fez com seu povo, que somos nós. Para alguns a imagem de Jesus não deixou dúvida, para outros, como Tomé, foi preciso o toque em suas chagas para depois acreditar.

Assim como a tentação induziu primeiro Eva, e logo em seguida invadiu os desejos de Adão, expulsos por desejarem ser Deus quando deixaram de se reconhecerem criaturas pela ambição de tomar o lugar do Criador, Jesus nos abre novamente a porta do paraíso se fazendo homem e se entregando totalmente ao sofrimento. Ressuscitou e apareceu, primeiro às mulheres e depois, aos discípulos.

Mas, vemos pelas Escrituras que Jesus não foi tão facilmente reconhecido até por aqueles que O acompanhava.

Enquanto presos à limitação dos pensamentos materialistas, encontramos dificuldade em conceber a fé sem prova material e acreditar que os próprios discípulos de Jesus não o reconheceram enquanto conversavam com Ele. Nesta passagem, há o relato que, somente pelo gesto de partir o pão, no final da conversa, que os dois discípulos o reconheceram e, nesse instante, Jesus desaparece.

Ocorre que Jesus está VIVO!

Pela sua ressurreição, reafirmando a promessa de Deus de nos levar de volta ao paraíso, Jesus Vivo se mostra pela face de quem o revela (“Se um ou dois estiverem falando em meu nome eu estarei presente”), basta querer enxergar, não com os olhos humanos, mas com olhos espirituais.

É assim que Jesus se mostra pela face humana, repartindo o pão, ou seja, dividindo o tesouro que possui que é a mensagem do Deus pai, que é fonte de amor e paz. Ele não se faz presente pela aparência física, mas sim, pela imagem e semelhança espiritual.

Enquanto os discípulos conversavam com Jesus com a mente materialista, lamentando o sofrimento e a morte de Jesus como corpo, não enxergavam Jesus que estava com eles frente a frente, porém, espiritualmente. Só o reconheceram quando perceberam que, tudo o que Jesus ensinou, de nada valeria se não fosse compartilhado o verdadeiro tesouro, que não é material, no gesto de “partir o pão”.

Esta verdade sublime foi também compreendida por Pedro e João que, ao encontrar o homem coxo, ofereceram para ele não ajuda material (ouro e prata), como o próprio homem esperava, mas, o verdadeiro tesouro, que é a Boa Nova trazida por Jesus pela promessa realizada da Nova Aliança.

O homem curado “entrou no Templo junto com Pedro e João, andando, pulando e louvando a Deus”. E o povo ficou admirado por perceber tamanha alegria.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O SIM


Nesses dias em que toda a Terra comemora o nascimento de Jesus, o Salvador do povo de Deus, o clima de Natal perfuma os corações com a nostalgia da criança que espera ansiosa o seu presente.

É um foco trocado, porque, se comemoramos o nascimento do Salvador, o motivo de tudo isso só pode ser a Salvação e não a troca de presentes. Talvez este desvio seja o resultado de uma má interpretação da tradição que parece ter começado com a visita dos Magos ao Jesus recém-nascido, quando levaram a Ele os presentes: incenso, ouro e mirra. Mas, cada presente simbolizou exatamente a minha participação no plano de salvação, algo da boa receptividade com aquele que chegara para trazer a boa nova. Os presentes não eram o foco daquele momento, eles simbolizavam somente.

Mas, de fato, sob todos os apelos comerciais que circundam a data do nascimento de Jesus, há um plano de salvação muito antigo que vem se realizando perene e soberano desde que Deus se revelou aos Seus filhos.

Nele, os profetas sinalizavam a vinda de um Messias que, como Cristo, significa “ungido”, ou seja, aquele que está com Deus, conversa com Ele e compreende Suas mensagens, não pelo ouvido, mas pelas palavras ouvidas pelo coração. É aquele que ouve a voz de Deus e enxerga Sua face no rosto dos filhos deste Pai amoroso.

O ungido se deixa envolver pela sabedoria de Deus e vive esta bênção abundantemente.

Os Magos eram pessoas ungidas. Se eles perceberam que aquela era a estrela que anunciava o nascimento do Messias e indicava a direção e o local onde Ele estava, é porque em seus corações Deus falava e eles compreendiam.

Então, se pensarmos profundamente neste sentido, vamos descobrir que um dia também fomos ungidos. Aquilo que chamamos vulgarmente “intuição” talvez seja a fagulha que restou deste “diálogo divino”, que se perdeu.

Acreditando na própria inteligência, um dia, nós pensamos ser autossuficientes, assim criamos e fomentamos a distância que nos separa do Deus criador, passamos a viver baseados somente na própria inteligência e, fazendo e desfazendo, passamos a agir conforme o nosso próprio julgamento.

Não precisa dizer que o paraíso também foi se desaparecendo na distância a partir disso.

Não era esta a intenção de Deus quando fomos criados, Ele desejava que compreendêssemos a vida e a vivêssemos em abundância, aceitando a Sua perfeita sabedoria de Criador.

Mas, como Deus criou a vida usando o Seu amor, pelo mesmo amor Ele também estabeleceu um plano de resgate para os filhos amados. O interessante é que Deus nomeou agentes do Seu plano os próprios filhos para serem trazidos de volta para o Seu seio. Cada um para uma função certa neste grande empreendimento. Porém, sem tirar-lhes o livre arbítrio. Isso significa que cada um pode aceitar ou não tomar parte na sua tarefa.

Desde Abraão, nesta linda história, muitas pessoas que se tornaram conhecidas pelo SIM dado ao chamado do Pai como: - Moisés, que ajudou a libertar o povo hebreu do Egito; - os profetas que anunciaram a vinda do Messias, entre eles, os maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; - Jonas que, com o seu SIM "amarrado e amargo", levou a mensagem de Deus a Nínive; - aqueles que com sua história se tornaram exemplos nesta participação, pelo modelo ou contraste, como Davi e seu filho Salomão; - Maria que, com o seu SIM, gerou o Salvador no seu ventre; - José que, cuidando de Maria, também com seu SIM ofereceu proteção para preservar a vida de Jesus e para que Ele pudesse crescer com segurança; - João Batista, que anunciou aquele que iria batizar no Espírito; - os apóstolos que tiveram a tarefa de publicar a boa nova, muitas vezes, às custas das próprias vidas; - os santos e mártires que, como modelos de fé, fortaleceram a Igreja de Jesus; - e muitos outros que participaram e participam neste plano, que é de Deus.

Como o próprio Jesus que, como homem, também possuía o livre arbítrio para se negar a oferecer-se como cordeiro, mesmo sob a extrema “agonia de morte”, conforme Ele mesmo descreveu no momento em que seria entregue, e sabendo de todo o sofrimento que lhe esperava ainda sob a humilhação da tentação, reforçou o seu SIM.

Em 2007, durante o encontro de primeiro anúncio do grupo Cristi, o amigo e irmão, Mauro Menegazzo, dizia de uma conversa que ele teve com o Pe Júlio, em que perguntou ao sacerdote se Jesus poderia ter desistido da Sua missão. O padre respondeu que sim. Esta ideia foi para mim um choque, porque o meu pensar não compreende uma realidade sem a possibilidade de salvação. Pensei no que seria de mim se Jesus negasse o SIM... E se Maria também o negasse?

É que o livre arbítrio precede de um SIM ou de um NÃO.

Jesus homem, Maria, os profetas, os apóstolos, santos... são pessoas que, assim como você, estão participando do grande projeto de Deus. Pessoas que poderiam responder com um NÃO, mas elegeram o SIM.

Da mesma forma, você pode escolher participar deste trabalho ou não; oferecer os seus dons ao que foram dados ou usá-los para benefício próprio.

Acreditar no amor do Pai misericordioso e participar no Seu plano de salvação é como ser um grão de milho preso à espiga que tem nela reservado um lugar para cada grão. Todos juntinhos cumprindo cada um com sua tarefa, mas fiel ao todo.

A espiga tem sido debulhada e muitos grãos estão espalhados por aí enquanto alguns continuam fiéis. O espaço de cada grão permanecerá vago, não será ocupado por outro. Mas, pense bem... se você não estiver na espiga, estará onde?

Nunes

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

AMIGOS DE CRISTO PARA SEMPRE



O tempo não pára de inverter a ampulheta sempre que a areia acaba de escoar, ele segue por uma trilha retilínea e constante. Não pára, sequer para comemorar o encerramento de um ano no dia do Natal ou do Ano Novo.

A conclusão de um período, portanto, é só conceitual, não física. Porque ela está no meu coração e não no calendário.

Então, se está no coração, também não dá para deixar que o ano se vá sem que eu faça uma retrospectiva de tudo o que aconteceu dentro dele. Dos fatos bons e daqueles nem tanto, das pessoas que participaram dele comigo, de todos os trabalhos feitos, dos momentos mais importantes e, principalmente, das experiências vividas junto com os meus amigos.

Quando falo de amizade, incluo nela a amizade das amadas pessoas que, além de amigos, também são família.

Pensando nesta relação que Deus criou e que já foi tão maravilhosamente homenageada, por tantos poetas, deslumbrados com sua magia, tento eu também prestar este tributo depois de viver momentos junto aos Amigos de Cristo, o grupo de jovens de Londrina que busca aprender Deus.

O nome do grupo é sugestivo e o tema escolhido não poderia ser outro: "A perseverança da caminhada em grupo".

O convite chegou à Confraria Irmão Sol pela voz da Amanda, que, do seu modo meigo de conversar, também informou qual seria o tema da conversa. Quando começamos a pensar: - o que poderíamos ensinar a esses jovens com este tema? ... Quanta ingenuidade a minha! pensando estar ensinando, aprendi com esses jovens. Aí que também eu aprendi que Deus gosta de brincar quando ensina as lições mais importantes usando o paradoxo.

Aprendi que somente Deus pode criar, que Ele criou uma família e me colocou dentro dela; criou uma bela natureza e me fez parte dela; criou animais e plantas de infinitas cores e qualidades e me ensinou a amá-los; criou o meu corpo e me fez Sua morada; um coração e me ensinou a amar... e os amigos, que me ensinam a viver.

Aprendi que, por ambição, muitas vezes eu troquei esses tesouros por ilusões, por maçãs que, por fora, pareciam belas e brilhantes, encheram os meus olhos, mas que por dentro eram negras, podres. E, que os tesouros perdidos, jamais vou recuperar.

Que amigos foram justamente aqueles que eu desprezei enquanto mantinha meus olhos nas coisas do "mundo", porque os verdadeiros são aqueles que compartilham comigo as graças de Deus, não deseja tirá-las de mim ou trocá-las por ilusões. "Que amigo é aquele que me aproxima de Deus".

Aprendi que quando alguém se dispõe a compartilhar sua graça ela se multiplica. Jesus mostrou isso para mim quando multiplicou os pães e os peixes apenas compartilhando. A multiplicação acontece quando alguém tem a coragem de compartilhar o que possui. Isso sim é fé. E a boa energia dos Amigos de Cristo tem se multiplicado porque ela é compartilhada.

Tudo isso em poucas horas, apenas observando os olhos daqueles seres encantadores do grupo.

Fizemos algumas brincadeiras, porque aprendi também que preciso ser "como menino" para entrar no Reino do meu Pai.

Falamos sério também, porque falar de vida é mais sério.

O "chronos" andou enquanto, mergulhados no "Kayros", saboreávamos o nectar divino. Assim, quando percebemos, já havia passado a hora de almoçar, lembrando todos que "nem só de pão vive o homem".

Jesus estava lá o tempo todo e, no final da lição, pos-se no centro do salão, abriu os braços e recebeu todos, como se dissesse: "eu não vim para julgar, eu vim para que você receba a vida eterna". Pensei naquela vida em abundância que Deus tanto deseja que eu viva, mas, ao desviar meu olhar para os olhares da minha filha, Fernanda, que também participa do grupo, e da Driele, minha filha mais nova, o amor transbordou do meu coração, então acreditei já estar vivendo esta vida abundante.

Penso que seja isso que cada coração vai levar consigo em sua história, os detalhes de uma jornada realizada no caminho de Deus e ao lado dos melhores amigos.

Que os nossos tesouros sejam preservados e multiplicados, e que nos próximos anos continuemos sendo mais do que amigos, que continuemos AMIGOS DE CRISTO PARA SEMPRE.

Nunes

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

MELHORES A CADA DIA



Neste belo universo, todas as criaturas vivas caminham no sentido da evolução movidas por um forte instinto natural, onde cada espécie viva trabalha em função da própria, e assim pela evolução da vida universal.

Na vida animal este movimento é bastante visível principalmente nos rituais de acasalamento, quando o macho mais forte, robusto e belo acaba eleito pela fêmea para patrocinar a próxima geração. Gens selecionados formarão indivíduos melhores.

Evoluir é preservar a vida e além, é aproximá-la da perfeição.

Veja bem, é diferente do desejo de se tornar Deus, isso jamais conseguiremos, pois sempre seremos criaturas, o que buscamos sim é a aproximação da Sua perfeição.

Porque caminhar em sentido contrário é extinção.

Somos humanos e, ao mesmo tempo, participamos do reino animal. Somos carne, ossos, sangue, mas somos também espírito. É o que faz da evolução humana um pouco diferente das demais. Ela possui seu contexto enriquecido por esta forte energia.

Evoluímos organicamente assim como os demais seres vivos, mas evoluímos sobretudo espiritualmente.

Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor”. A bela música do grupo Jota Quest proclama este desejo que é fértil em cada um.  Queremos ser melhores.

E, como ser melhores?

Humanos possuem religiosidade para reconhecer o divino e preservar esta busca, pelo rito e pelo culto; e possuem espiritualidade para contemplar o Deus que habita dentro de si.

A evolução espiritual nos aproxima do Deus criador e nos chama para conhecer o seu amor pleno, a maior força existente no universo. Procuramos nos assemelhar a Ele para o sabor deste amor.

São Paulo revela o efeito que os santos Mandamentos faz em mim quando afirma na sua Carta aos Romanos: “Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.”Romanos 7:13-17

Se São Paulo conheceu o pecado pela Lei de Deus, esta não é boa? "de modo algum" ... Ele mesmo contesta esta afirmação quando diz que a Lei fez sim potencializar o pecado sob os seus olhos. Mas é justamente este o efeito desejado para a Lei, dar forma ao pecado para que ele se torne visível.

Quando passo a perceber o pecado eu adquiro a oportunidade de evoluir. Do contrário, se o pecado convive comigo na minha rotina sem que eu o veja claramente, não há como evitá-lo, é o aval que dou para que ele permaneça sorrateiro e ardiloso, parasitando a minha existência sem resistência.

Na carta aos Efésios, o próprio Paulo diz que não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Efésios 6:12. Ou seja, contra o pecado.

Aí também se acentua a importância do efeito do batismo em mim: De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. “Romanos 6:4. Pelo batismo, morremos e ressuscitamos, do velho para o novo. O batismo é a minha identificação com o guia, Jesus. Ele mostrou como se faz.

Ao fazer um balanço da minha vida, enxergando, olhando e percebendo, é possível identificar o que há e o que falta; o que sobra e o que atrapalha. Somente após identificar esses atributos que transporto será possível encerrar o homem velho para a ressuscitação do novo. A mudança pode ser planejada.

Transpassar do velho para o novo não é uma tarefa fácil. Quando Francisco de Assis desejou viver esta transformação sofreu a pressão do seu pai a regressar na velha forma de viver. Seus amigos atiravam-lhe pedras e lama por não aceitarem a sua "prima vita".

A evolução é caminho de leveza e de paz. Esta verdade não se pode negar. E o caminho para a evolução? Cada um tem o seu, carece ser descoberto.

Que a sua evolução seja suave e que nos encontremos nesta bela jornada.

Paz e bem.

Nunes