quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O SIM


Nesses dias em que toda a Terra comemora o nascimento de Jesus, o Salvador do povo de Deus, o clima de Natal perfuma os corações com a nostalgia da criança que espera ansiosa o seu presente.

É um foco trocado, porque, se comemoramos o nascimento do Salvador, o motivo de tudo isso só pode ser a Salvação e não a troca de presentes. Talvez este desvio seja o resultado de uma má interpretação da tradição que parece ter começado com a visita dos Magos ao Jesus recém-nascido, quando levaram a Ele os presentes: incenso, ouro e mirra. Mas, cada presente simbolizou exatamente a minha participação no plano de salvação, algo da boa receptividade com aquele que chegara para trazer a boa nova. Os presentes não eram o foco daquele momento, eles simbolizavam somente.

Mas, de fato, sob todos os apelos comerciais que circundam a data do nascimento de Jesus, há um plano de salvação muito antigo que vem se realizando perene e soberano desde que Deus se revelou aos Seus filhos.

Nele, os profetas sinalizavam a vinda de um Messias que, como Cristo, significa “ungido”, ou seja, aquele que está com Deus, conversa com Ele e compreende Suas mensagens, não pelo ouvido, mas pelas palavras ouvidas pelo coração. É aquele que ouve a voz de Deus e enxerga Sua face no rosto dos filhos deste Pai amoroso.

O ungido se deixa envolver pela sabedoria de Deus e vive esta bênção abundantemente.

Os Magos eram pessoas ungidas. Se eles perceberam que aquela era a estrela que anunciava o nascimento do Messias e indicava a direção e o local onde Ele estava, é porque em seus corações Deus falava e eles compreendiam.

Então, se pensarmos profundamente neste sentido, vamos descobrir que um dia também fomos ungidos. Aquilo que chamamos vulgarmente “intuição” talvez seja a fagulha que restou deste “diálogo divino”, que se perdeu.

Acreditando na própria inteligência, um dia, nós pensamos ser autossuficientes, assim criamos e fomentamos a distância que nos separa do Deus criador, passamos a viver baseados somente na própria inteligência e, fazendo e desfazendo, passamos a agir conforme o nosso próprio julgamento.

Não precisa dizer que o paraíso também foi se desaparecendo na distância a partir disso.

Não era esta a intenção de Deus quando fomos criados, Ele desejava que compreendêssemos a vida e a vivêssemos em abundância, aceitando a Sua perfeita sabedoria de Criador.

Mas, como Deus criou a vida usando o Seu amor, pelo mesmo amor Ele também estabeleceu um plano de resgate para os filhos amados. O interessante é que Deus nomeou agentes do Seu plano os próprios filhos para serem trazidos de volta para o Seu seio. Cada um para uma função certa neste grande empreendimento. Porém, sem tirar-lhes o livre arbítrio. Isso significa que cada um pode aceitar ou não tomar parte na sua tarefa.

Desde Abraão, nesta linda história, muitas pessoas que se tornaram conhecidas pelo SIM dado ao chamado do Pai como: - Moisés, que ajudou a libertar o povo hebreu do Egito; - os profetas que anunciaram a vinda do Messias, entre eles, os maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; - Jonas que, com o seu SIM "amarrado e amargo", levou a mensagem de Deus a Nínive; - aqueles que com sua história se tornaram exemplos nesta participação, pelo modelo ou contraste, como Davi e seu filho Salomão; - Maria que, com o seu SIM, gerou o Salvador no seu ventre; - José que, cuidando de Maria, também com seu SIM ofereceu proteção para preservar a vida de Jesus e para que Ele pudesse crescer com segurança; - João Batista, que anunciou aquele que iria batizar no Espírito; - os apóstolos que tiveram a tarefa de publicar a boa nova, muitas vezes, às custas das próprias vidas; - os santos e mártires que, como modelos de fé, fortaleceram a Igreja de Jesus; - e muitos outros que participaram e participam neste plano, que é de Deus.

Como o próprio Jesus que, como homem, também possuía o livre arbítrio para se negar a oferecer-se como cordeiro, mesmo sob a extrema “agonia de morte”, conforme Ele mesmo descreveu no momento em que seria entregue, e sabendo de todo o sofrimento que lhe esperava ainda sob a humilhação da tentação, reforçou o seu SIM.

Em 2007, durante o encontro de primeiro anúncio do grupo Cristi, o amigo e irmão, Mauro Menegazzo, dizia de uma conversa que ele teve com o Pe Júlio, em que perguntou ao sacerdote se Jesus poderia ter desistido da Sua missão. O padre respondeu que sim. Esta ideia foi para mim um choque, porque o meu pensar não compreende uma realidade sem a possibilidade de salvação. Pensei no que seria de mim se Jesus negasse o SIM... E se Maria também o negasse?

É que o livre arbítrio precede de um SIM ou de um NÃO.

Jesus homem, Maria, os profetas, os apóstolos, santos... são pessoas que, assim como você, estão participando do grande projeto de Deus. Pessoas que poderiam responder com um NÃO, mas elegeram o SIM.

Da mesma forma, você pode escolher participar deste trabalho ou não; oferecer os seus dons ao que foram dados ou usá-los para benefício próprio.

Acreditar no amor do Pai misericordioso e participar no Seu plano de salvação é como ser um grão de milho preso à espiga que tem nela reservado um lugar para cada grão. Todos juntinhos cumprindo cada um com sua tarefa, mas fiel ao todo.

A espiga tem sido debulhada e muitos grãos estão espalhados por aí enquanto alguns continuam fiéis. O espaço de cada grão permanecerá vago, não será ocupado por outro. Mas, pense bem... se você não estiver na espiga, estará onde?

Nunes

Nenhum comentário:

Postar um comentário