quinta-feira, 18 de março de 2010

PAZ, ABISMO E FRANCISCO DE ASSIS


Marev – 13-03-2010

O mundo todo observa que muitas pessoas trabalham e, enquanto não, pensam no trabalho; buscam relacionamentos seguros, estabilidade financeira e crescimento pessoal. Outras, por fim, buscam crescimento espiritual e, enquanto caminham, vão percebendo que, em verdade, passaram a vida tentando recuperar a PAZ que estava perdida... e que sempre esteve dentro do próprio coração.

É como na passagem bíblica em que os dez leprosos pediram para que Jesus os curasse, explicado no Evangelho de Lucas, 17,14: - quando Jesus pediu que eles caminhassem e se mostrassem ao sacerdote, “enquanto eles iam andando, ficaram curados.

Ocorre que a PAZ, esta grande riqueza, se faz despercebida e então acaba se tornando objeto de aposta quando o mundo sugere um jogo. Arriscamos a nossa PAZ como se fosse um simples objeto e, acontece que, às vezes, a perdemos neste jogo. E é neste instante momento em que se sobrevém a tristeza e o sofrimento.

E então, quando percebemos que a PAZ está perdida, buscamos desesperadamente recuperá-la. Porém, pode demorar muito para isso acontecer, além de requerer um grande esforço pessoal.

Vou me permitir citar o caso de um amigo que esteve buscando a PAZ no acúmulo de bens. Tinha um emprego onde era muito bem remunerado e já havia acumulado, para a sua posse, muitos bens; o suficiente para não mais precisar trabalhar, no entanto, o que possuía era sempre pouco e então buscou meios ilícitos para adquirir mais.

Apostando a sua PAZ, perdeu. Foi investigado pela polícia, sofreu inquérito e foi preso, além de perder o emprego.

Quando o visitei na sua prisão, o que ouvi do coração daquele homem foi uma frase mais ou menos assim: “- o que eu desejo para este momento é simplesmente possuir uma pequena e simples casa de madeira, um fusca na garagem, a presença dos meus filhos, o carinho da minha esposa e a alegria do meu cachorro”.

A música Casinha Branca, composta por Gilson e Joran, ilustra esta história e muitas outras que seguiram o mesmo sentido da tristeza e sofrimento.

Francisco de Assis esteve, em certo momento, se sentindo entre dois abismos. Mergulharia ele em um dos dois, pois o espaço em que estava era uma base em que cabia apenas o seu pé. Sentiu-se só quando tinha que decidir para que lado cair e chegou a afirmar que se entregaria a qualquer um que o chamasse, sendo Deus ou o diabo, tamanha desorientação. Foi quando ouviu apenas uma voz dizendo: “ Salte !”...

O Irmão Leão, seu fiel companheiro, dedicou a vida para encontrar Deus. Num dos seus dias, deparou-se com um eremita para o qual ele perguntou se sabia o caminho para Deus. O eremita respondeu que há um único abismo onde o Irmão Leão teria que mergulhar; no interior dele encontraria Deus. Quando Irmão Leão hesitou, o eremita recomendou: “se não queres mergulhar, casa-te e não fale mais em Deus”.

Penso que Deus esteja nesta PAZ que está em cada coração, que temos o desejo inconsciente de reencontrar. Mas quase sempre, utilizamos caminhos que não nos levam a Ele.

Jesus sugere um único caminho, o Evangelho. Um único abismo que leva para a presença de Deus e que permite a recuperação da PAZ perdida pelo caminho.

Bem aventurados os puros de coração, porque verão Deus!Mateus 5, 8.

Ele nos ensina que falar do Evangelho é muito bom, mas, viver o Evangelho é caminhar para Deus e para a PAZ.

É verdade que não se trata de uma garantia de que não haverá dor para aquele que desejar praticá-lo, mas haverá PAZ para solucionar os problemas que forem surgindo enquanto se caminha. “São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor.


Salmo 33,20 (ou 34,20)
Mergulhar neste “abismo” é um ato de fé e de coragem, mas que vale
a pena!

É o caminho de quem deseja encontrar Deus e é forte suficiente para permanecer face a face com Ele.

Nunes

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